quinta-feira, 24 de junho de 2010

Militana



Caminho de Flores

As flores vão ficando para traz...
Enquanto o ataúde, lentamente se vai.


As flores vão ficando para traz ...
Enquanto o sol se põe e as pétalas caem.


As flores vão ficando para traz...
Os transeuntes silenciosos se esvaem.


Um último suspiro,
Um Sopro.


Uma estrela vai seguindo em paz
As flores vão ficando para traz...


Seu canto ecoa, sua melodia soa
Nos ares, mares e lares.


As flores vão ficando para traz...
Um caminho de excelências, de sons, de vida cai.


Uma fumaça solta no ar, sorriso sincero.
Uma palavra chamada romance.


E as Flores vão ficando para traz...


Enquanto isso; A Arte Popular
No túmulo frio! Jaz....


Por Gláucio Câmara

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Fabião das Queimadas


Comenta-se em São Paulo do Potengi, principalmente entre os mais moços, que não há cultura no nosso município e que há poucas referências culturais em nossa região. Acreditando que isso se dê muito mais por falta de informação do que por falta de referências da cultura, me aventuro em tentar mostrar o que temos de cultura viva e nossa e acredito que será uma longa empreitada, dada a riqueza dessa região.


Hoje a pauta está aberta para o conhecido Fabião das Queimadas. Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha foi escravo tendo nascido em 1850, na Fazenda Queimadas pertencente ao coronel José Ferreira da Rocha, no atual município de Lagoa de Velhos (RN). Em 1848 a fazenda Queimadas fazia parte do município de Santa Cruz. Depois o território onde se localiza a fazenda pertenceu aos atuais territórios dos municípios de São Tomé e Barcelona. Com a criação do município de Lagoa de Velhos em 1962, a fazenda passou a pertencer ao território do novo município. Mas posteriormente, Fabião veio a residir sucessivamente nos municípios de São Tomé, Sítio Novo e finalmente em Barcelona, onde está enterrado desde 1928.
Segundo Rostand Medeiros em publicação no site Overmundo, Fabião “começou a cantar durante os trabalhos na roça. Tornou-se tocador de rabeca, tendo adquirido seu instrumento aos 15 anos, com o apoio do dono, que permitia e incentivava que ele cantasse nas casas dos mais abastados da região e nas feiras. Conseguiu angariar algum dinheiro que, aos 28 anos, possibilitou comprar a sua alforria. Era analfabeto, mas criava versos, como o "Romance do boi da mão de pau", com 48 estrofes. Suas composições apresentam traços dos romances herdados da idade média.”
Chegou a ficar bastante conhecido ainda em vida tendo sido convidado pela Poetisa Palmira Wanderley para apresentar-se como principal artista em uma festa para angariar fundos para o Hospital da Criança (Hospital Varela Santiago) em 24 de dezembro de 1923 na cidade de Natal. Diz Medeiros que “...a atração principal era “Fabião das Queimadas”. Ao subir no palco com sua inseparável rabeca, o trovador foi entusiástica e longamente aplaudido e desenvolveu uma apresentação que foi classificada pela “A Republica” como “magnífica”, composta de “repentes” e “louvoures”, que fizeram o deleite do público natalense naquela noite.”
No site Brasilrn, Fabião é contado como “um dos maiores poetas populares” do nosso estado. Ficou conhecido como o poeta das "Vaquejadas" tendo deixado muitas poesias sobre os touros e cavalos de sua região. Um de seus romances mais conhecidos é o 'Romance do Boi da Mão de Pau' onde relata uma passagem de perseguição sofrida por boi Mão de Pau, figura sagaz, o “boi liso vermelho, o mão de Pau corredor”. Sobre seus versos ‘puxados do juízo’ disse ele um dia:

“quando eu quero tirar uma obra, me deito na rede de papo prá riba, magino, magino e quando acabo de maginar, está maginado pru resto da vida”.

Uma das curiosidade sobre sua vida é o fato de ter conseguido comprar a própria alforria além da de sua mãe e da sobrinha com quem se casou com o dinheiro ganho com sua arte feita com sua voz e sua rabeca. Fabião das Queimadas morreu em 1928, aos sessenta e oito anos, de tétano, em uma fazenda de sua propriedade chamada “Riacho Fundo” na atual cidade de Barcelona (RN).
Fabião das Queimadas tem seu nome citado na ‘Enciclopédia brasileira da diáspora africana’ em uma parte referente aos Cantadores Negros. Foi ainda tema de duas letras de músicas finalistas do Forraço no ano de 2004. Os segundo e terceiro lugares tematizaram este poeta negro do Potengi e foram logrados pelos artistas Roberto Lima e Hugo Tavares. Este último, potengiense de alma, pesquisador, poeta e compositor, abriu o Forraço com "Fabião das Queimadas - Poeta da Liberdade" música que mescla suas viagens poéticas com rimas do próprio Fabião.
Hoje parte da família de Fabião reside no município de São Paulo do Potengi e traz em seu seio várias gerações com talentos na área da música e da poesia, desde cantadores a poetas, produtores e instrumentistas, descendentes da arte do Cancioeiro negro e referências vivas da cultura da nossa região.

Por Stéphanie Campos

Referências e curiosidades:
http://www.brasilrn.com/_pt/SousmenuContenu.php?idmenu=2&idsousmenu=12
http://www.overmundo.com.br/overblog/em-1923-natal-conheceu-fabiao-das-queimadas

Romance do boi da Mão de Pau

Fabião das Queimadas (Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha) 1848-1928. Rio Grande do Norte.

Vou puxar pelo juízo
Para saber-se quem sou
Prumode saber-se dum caso
Tal qual ele se passou
Que é o boi liso vermelho
O Mão de Pau corredor

Desde em cima, no sertão
Até dentro da capitá
Do norte até o sul
Do mundo todo em gerá
Em adjunto de gente
Só se fala em Mão de Pau

Pois sendo eu um boi manso
Logrei a fama de brabo
Dava alguma corridinha
Por me ver aperiado
Com chocalho no pescoço
E além disto algemado...

Foi-se espalhando a notícia
Mão de Pau é valentão
tendo eu enchocalhado
Com as algemas nas mão
Mas nada posso dizer
Que preso não tem razão

Sei que não tenho razão
Mas sempre quero falá
Porque alé d'eu estar preso
Querem me assassinar...
Vossa mercês não ignorem
A defesa é naturá

Veio cavalos de fama
Pra correr ao Mão de Pau
Todos ficaram comido
De espora e bacalhau...
Desde eu bezerro novo
Que tenho meu gênio mau

Na serra de Joana Gomes
Fui eu nascido e criado
Vi-me morrer lá pro Salgado
Daí em vante os vaqueiro
Me trouveram atropelado...

Me traquejaram na sombra
Traquejavam na comida
Me traquejavam nos campo
Traquejavam na bebida
Só Deus terá dó de mim
Triste é a minha vida

Tudo quanto foi vaqueiro
Tudo me aperriou
Abaido de Deus eu tinha
Fabião a meu favor
Meu nego, chicota os bicho
Aqueles pabuladô

Pegaram a me aperiar
Fazendo brabo estrupiço
Fabião na casa dele
Esmiuçando por isso
Mode no fim da batalha
Pude fazê o serviço

Tando eu numa maiada
Numa hora d'amei-dia
Que quando me vi chegá
Três vaqueiro de enxurria
Onde seu José Joaquim
Este me vinha na guia

Chegou-me ali de repente
O cavalo Ouro Preto
E num instante pegou-me
Num lugá até estreito
Se os outro tiveram fama
Deles não vi proveito

Ali fui enchocalhado
Com as algemas na mão
Butado por Chico Luca
E o Raimundo Girão
E o Joaquim Siliveste
Mandado por meu patrão

Aí eu me levantei
Saí até choteando
Porque eu tava peiado
Eles ficaram mangando
Quando foi daí a pouco
Andava tudo aboiando...

Me caçaram toda a tarde
E não me puderam achar
Quando foi ao pôr-do-sol
Pegaram a se consultar
Na chegada de casa
Que história iam contar

Quando foi no outro dia
Se ajuntaram muita gente
— Só pra dar desprezo ao dono
Vamos beber aguardente
Pegaram a se consultar
Uns atrás, outro agüente

Procurei meu pasto veio
A serra de Joana Gome
Não venho mais no Salgado
Nem que eu morra de fome
Pru que lá aperriou-me
Tudo o que foi de home

Prefiro morrer de sede
Não venho mais no Salgado
No tempo que tive lá
Vivi muito aperriado
Eu não era criminoso
Porém saí algemado

Me caçaram muito tempo
Ficaram desenganado
E eu agora de-meu
Lá na serra descansado
Acabo de muito tempo
Vi-me muito agoniado

Quando foi com quatro mês
Um droga dum caçadô
Andando lá pulos matos
Lá na serra me avistou
Correu depressa pra casa
Dando parte a meu sinhô

Foi dizê a meu sinhô
— Eu vi Mão de Pau na serra
Daí em diante os vaqueiro
Pegaro a mi fazê guerra
Eu não sei que hei de fazê
Para vivê nesta terra

Veio logo o Vasconcelos
No cavalo Zabelinha
Veio disposto a pegar-me
Pra ver a fama qu'eu tinha
Mas não deu pra eu buli
Na panela das meizinha

Sei que tô enchocalhado
Com as argema na mão
Mas esses cavalo mago
Enfio dez num cordão
Mato cem duma carreira
Deixo estirado no chão

Quando foi no outro dia
Veio Antônio Serafim
Meu sinhô Chico Rodrigue
Isto tudo contra mim
Vinha mais muito vaqueiro
Só pro mode dá-me fim

Também vinha nesse dia
Sinhô Raimundo Xexéu
Este passava por mim
Nem me tirava o chapéu
Estava correndo à toa
Deixei-o indo aos boléus

Foram pro mato dizendo
O Mão de Pau vai a peia
Se ocuparo neste dia
Só em comê mé-de-abeia
Chegaro em casa de tarde
Vinham de barriga cheia

Neste dia lá no mato
Ao tirá duma "amarela"
Ajuntaram-se eles todo
Quase que brigam mor-dela
Ficaram todos breados
Oios, pestana e capela

Quem vinhé a mim percure
Um cavalo com sustança
Ind'eu correndo oito dia
As canela não me cansa
Só temo a cavalo gordo
E vaqueiro de fiança

Eu temia ao Cubiçado
De Antônio Serafim
Pra minha felicidade
Este morreu, levou fim
Fiquei temendo o Castanho
Do sinhô José Joaquim

Mas peço ao José Joaquim
Se ele vier no Castanho
Vigi não faça remô
Qu'eu pra corrê não me acanho
Nem quero atrás de mim
De fora vaqueiro estranho

Logo obraram muito mal
Em correr pro Trairi
Buscar vaqueiro de fora
Pra comigo divirti
Tendo eu mais arreceio
Dos cabras do Potengi

Veio Antônio Rodrigues
Veio Antônio Serafim
Miguel e Gino Viana
Tudo isto contra mim
Ajuntou-se a tropa toda
Na casa do José Joaquim

Meu sinhô Chico Rodrigues
É quem mais me aperriava
Além de vir muita gente
Inda mais gente ajuntava
Vinha em cavalos bons
Só pra vê se me pegava

Vinha dois cavalos de fama
Gato Preto e o Macaco
E os donos em cima deles
Papulando no meu resto
Tive pena não nos vê
Numa ponta de carrasco

Ao sinhô Francisco Dias
Vaqueiro do coroné
Jurou-me muito pega-me
No seu cavalo Baé
Porém que temia a morte
S'alembrava da muié

Vaqueiro do Potengi
De lá inda veio um
Um bicho escavacadô
Chamado José Pinun
Vinha pra me comê vivo
Porém vortô em jijum

Veio até do Olho d'Água
Um tal Antônio Mateu
Num cavalo bom que tinha
Também pra corrê a eu
Cuide de sua famia
Vá se recomendá a Deus

Veio até sinhô Sabino
Lá da Maiada Redonda
É bicho que fala grosso
Quando grita, a serra estronda
Conheça que o Mão de Pau
Com careta não se assombra

Dois fio de Januaro
Bernardo e Maximiano
Correram atrás de mim
Mas tirei-os do engano
Veja lá que Mão de Pau
Pra corrê é boi tirano

Bernardo por sê mais moço
Era mais impertinente
Foi quem mais me perseguiu
Mas enganei-o sempre
Quem vier ao Mão de Pau
Se não morrer, cai doente

Cabra que vier a mim
Traga a vida na garupa
Se não eu faço com ele
O que fiz com Chico Luca
Enquanto ele fô vivo
Nunca mais a boi insulta

Sinhô Antônio Rodrigue
Mas seu Gino Viana
Vocês tão em terra aleia
Apois vigie como anda
Se não souberam dançá
Não se metessem no samba

Vaqueiro do Trairi
Diz. Aqui não dá recado
Se ele dé argum dia santo
Todos ele são tirado
Deix'isso pr'Antonho Ansermo
Que este corre aprumado

Quando vi Antonho Anselmo
No cavalo Maravia
Fui tratando de corrê
Mas sabendo que morria
Saiu de casa disposto
Se despidiu da famia

Vou embora desta terra
Pru que conheci vaqueiro
E vou de muda pros Brejo
Mode dá carne aos brejeiro
Do meu dono bem contente
Que embolsou bom dinheiro

Adeus, lagoa dos Veio
E lagoa do Jucá
E serra da Joana Gome
E riacho do Juá
Adeus, até outro dia
Nunca mais virei por cá

Adeus, cacimba do Salgado
E poço do Caldeirão
Adeus, lagoa da Peda
E serra do Boqueirão
Diga adeus que vai embora
O boi d'argema na mão

Já morreu, já se acabou
Está fechada a questão
Foi s'embora desta terra
O dito boi valentão
Pra corrê só Mão de Pau
Pra verso só Fabião!

(Em Cascudo, Luís da Câmara. Vaqueiros e cantadores. sl, Ediouro, sd, p.89-93)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Educação, Cultura e Arte: Responsabilidades compartilhadas

No município de São Paulo do Potengi tem ocorrido fatos inéditos e notórios no campo da cultura que devem se tornar de conhecimento público. Nossa cidade construiu pela primeira vez em 29 de outubro de 2009 sua I Conferência Municipal de Cultura. Tratou-se de um evento ainda um tanto discreto mas que contou com a participação de representantes de diversas áreas da sociedade local – educadores, gestores, escritores, desenhistas, artesãos, poetas, dançarinos, grupos de quadrilha junina, músicos, atores, representantes da Igreja católica local, universitários, além de um grupo de alunos do Projovem adolescente do município. Em seguida, estivemos representados na II Conferência Estadual de Cultura onde Rosinaldo Luna, Gean e eu, Stéphanie Campos, pudemos participar de debates que levaram para a etapa nacional as apreensões e reivindicações do estado do Rio Grande do Norte incluídas aí as do município de São Paulo do Potengi. Estivemos, por fim, representados na II Conferência Nacional de Cultura onde participei como delegada representante da sociedade civil. Esta conferência ocorrida entre os dias 11 e 14 de março de 2010 em Brasília no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21 teve como tema “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”. Existiu como um espaço plural de manifestações políticas e artísticas de toda sorte, um espaço de afirmação de posturas, presenças, origens, imagens, pensamentos e ideologias.
A partir dessas participações alguns produtos e parcerias importantes foram feitos e, de outro modo, oportunidades surgiram. Sobre isto é importante dizer da elaboração e aprovação através do Programa territórios da Cidadania de dois projetos para a área de cultura para serem implementados no Território do Potengi. Um desses projetos refere-se ao investimento na criação de um CAPA (Centro de apoio e Produção Artístico-cultural) para atender aos 11 municípios do nosso território além de um projeto de custeio para a realização de um diagnóstico das expressões culturais da região, ação essa que poderá nortear nos municípios ações de desenvolvimento das culturas locais.
Faço parte do Grupo Procurarte de São Paulo do Potengi, coletivo interessado em trabalhar no desenvolvimento local através da educação, da cultura e da arte de forma independente e atuante, sem afiliações político-partidárias, de credo religioso ou de qualquer outro tipo que se interponha entre nossas ações e nosso público alvo, todo aquele que represente a diversidade cultural local. Também esse grupo tem sido importante para movimentar os espaços culturais locais tendo tido algumas participações importantes como a intervenção em praça pública em comemoração ao dia internacional do teatro e dia nacional do circo no sábado 27 de março em parceria com artistas de São Gonçalo do Amarante e Santa Cruz. Intermediamos a vinda do espetáculo "A Paixão de Cristo" encenada pelo Dupla Face Cia de Teatro para o município nessa semana santa e desde já anunciamos a realização do I Rebuliço Cultural de São Paulo do Potengi, evento previsto para o mês do folclore, nos dias 21 e 22 de agosto. Nosso principal objetivo será trazer para o palco e para o debate os artistas locais, todo aquele que tenha sua música, sua dança, sua poesia ou qualquer outra forma de manifestação lúdica e artística de forma a sensibilizar a sociedade local demonstrando que nossa cultura deve ser o foco das ações e não deve permanecer em espaços subsidiários, sem tempo, sem patrocínios, sem incentivos, e principalmente, sem políticas públicas municipais.
Estamos iniciando um trabalho de cadastro de grupos e personalidades que se afinem com os diversos setores de cultura para iniciarmos um processo de debate sobre esse tema no nosso município. Esse processo é importante também para termos facilitados o acesso àqueles que permanecem marginalizados dando atenção aos nossos mestres locais, cantadores, tocadores, sanfoneiros, poetas, repentistas, pessoas e grupos que aprenderam sua arte nas suas comunidades e já passaram a vida toda ensinado-a localmente porém contendo-a, sem espaço ou reconhecimento. Não devemos esquecer contudo das novas gerações, que com a força de vontade mantém grupos literários, grupos de dança e de teatro, os tantos desenhistas entre outras tantas manifestações. Sintam-se todos e todas convocados a colaborar, a entrarem em contato e dizerem sua opinião sobre nossa cultura e como ela deve ser tratada. É importante que se saiba do valor da organização dos grupos para o alcance de seus direitos e para a percepção de seus deveres diante da sociedade local.
No que nossa arte pode contribuir para melhorar nossa cidade? No que sua arte pode contribuir para melhorar as condições de vida de outras pessoas que certamente possuem talentos a desenvolver? Esse é o momento de sentarmos e descobrirmos em conjunto qual o papel do artista potengiense no seio de nossa cidade natal.
Essa coluna espera poder transmitir opiniões plurais e ter um espaço de divulgação de trabalhos a cada edição. Nosso editorial está pronto a receber propostas, textos, desenhos, imagens de obras de arte várias que deem corpo a esse empreendimento. Esse é apenas um primeiro passo que espera ter a colaboração de todas e todos.
Nossos links são:
Blog: www.grupoprocurarte.blogspot.com
Email: procurarte.spp@gmail.com
Orkut: Grupo Procurarte

domingo, 11 de abril de 2010

Vinde, vinde Moços e velhos! Vinde todos Apreciar! Como isso é bom, como isso é belo.


Ao abrir as cortinas surgem por entre gritos, apitos, pulos e ponta pés, palhaços, malabaristas, pernas de pau, poetas e todas as formas de expressões que brotam do ser e fazem florir as mais belas canções e poesias, artistas populares na arte do seu ofício comemoram e alegram em praça pública de São Paulo do Potengi, sobre os olhares atentos e curiosos de crianças, jovens, adultos, pessoas que por determinado tempo embarcaram num mundo mágico onde o único objetivo era saudar a vida, a beleza, a arte...
Respeitável Público!!! Boa noite! Hoje têm espetáculo?
Assim anunciam os pernaltas em meio a multidão, assim começamos nossos diálogos culturais e expressivos no que temos de mais importante, nossa arte, comemorar o dia internacional do teatro em São Paulo do Potengi, foi um momento único de tecer juntos com as pessoas um momento especial, ficamos por várias horas segurando o sorriso, a alegria, o entusiasmo e a pergunta... Afinal o que eles comemoram? Que os fazem tão felizes?... Encobertos pela lua e sobre as bênçãos dos deuses seguimos nosso ritual por noite adentro mostrando o quanto vale a pena viver, ser, estar, fazer, pois a vida se completa neste instante onde de mãos dadas celebramos a arte da vida neste imenso picadeiro.

Como disse um dia a poetiza Clarisse Lispector em seu poema intitulado “Um Momento”:
Sonhe com aquilo que você quiser. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer (...)
As pessoas mais felizes têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por nossas vidas.
O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. (...) A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. Salve a arte popular! Salve a Procurarte, Salve o PeduBreu, Salve o Arte Viva!!!

São Paulo do Potengi
27/03/2010
Comemoração ao dia mundial do teatro
e dia nacional do circo

Por GlaucioduBreu

domingo, 21 de março de 2010

I Conferência Municipal de Cultura – São Paulo do Potengi

Nesta quinta-feira, 29 de outubro, aconteceu no município de São Paulo do Potengi a I Conferência Municipal de Cultura. Tratou-se de um evento ainda um tanto discreto mas que contou com a participação de representantes de diversas áreas da sociedade local – educadores, gestores, escritores, desenhistas, artesãos, poetas, dançarinos, grupos de quadrilha junina, músicos, atores, representantes da Igreja católica local, universitários além de um grupo de alunos do Projovem adolescente do município.
A programação foi curta, porém bastante produtiva tendo início com uma interferência poética realizada por ‘César poeta’, como é conhecido na nossa cidade, onde relatava de forma até romântica os encantos o fizeram ficar neste lugar.
Tivemos a participação do ator de São José do Camprestre chamado Alexandre, representante da Casa de Cultura Palácio Borborema Potiguar, que contribuiu com uma fala introdutória sobre o Sistema Nacional de Cultura e sobre os espaços, dentro de nosso estado, onde os artistas devem buscar recursos e cobrar retornos para ações concretas de produção cultural. Depois pudemos ter acesso a 4 painéis expositivos sobre os temas dos grupos de trabalho que seriam formados mais a frente.
A primeira intervenção foi sobre o tema Cultura levada à cabo por Loise Karoline de Oliveira. A segunda apresentação tratou sobre diversidade e foi coordenada por Stéphanie Campos. Logo após Fábia Isabel falou com propriedade sobre Cidadania e inclusão mostrando exemplos bem sucedidos de pessoas com deficiência exercendo papéis importantes na nossa sociedade, se integrando, aprendendo e ensinando. Por fim tivemos a participação de Leonardo Lener tratando sobre o tema Desenvolvimento.
Formados os grupos de trabalho, pudemos construir um curto, porém produtivo, momento de interação onde cada pessoa de cada grupo pode falar de suas necessidades enquanto agentes de cultura autônomos e propor idéias para a implementação de uma política de cultura no nosso município. As propostas criadas foram unificadas em um relatório final que deve ser encaminhado à Câmara Municipal com o intuito de tornar-se a base desta Política local. Ao final tivemos a escolha dos delegados e finalizamos com um Coquetel.
Penso que este evento teve uma grande importância por ter iniciado um ciclo de preocupação, de discussão e, esperamos, de investimentos para as diversas expressões da cultura local, por meio do incentivo aos artistas, artesãos e produtores culturais locais. Este deve se tornar um marco a partir do qual a população deve cobrar ações concretas voltadas ao desenvolvimento de todas as potencialidades culturais do município de São Paulo do Potengi, celeiro de artistas maravilhosos que têm permanecido em casa, nas escolas, nos programas sociais, nas ruas, sem possibilidade de trabalhar aquilo que pode muitas vezes mudar suas vidas.
Chamo a atenção também para o fato de que todas as Políticas Públicas municipais podem ser trabalhadas junto com uma Política de cultura consistente e continuada. A deixa em estado de urgência está para uma política contra a violência que crie espaços lúdico-educativos que envolva a camada social em situação de risco, notadamente adolescentes e jovens, que tem figurado como personagens principais em muitos dos casos de violência que temos visto, por vezes como vítimas, mas também como agressores.
Temos que nos utilizar dessa grande possibilidade de gerar renda, gerar educação, gerar inclusão, através da nossa cultura. A Procurart encampa esse movimento e convida a todos que trabalham e vivem da arte em São Paulo do Potengi para juntos, cobrarmos respostas e continuidade para uma Política local de cultura.



Stéphanie Campos Paiva Moreira
Procurart

sábado, 20 de março de 2010

II Conferência Nacional de Cultura – Algumas Reflexões

A II Conferência Nacional de Cultura ocorrida entre os dias 11 e 14 de março de 2010 em Brasília no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21 teve como tema “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”. Existiu como um espaço plural de manifestações políticas e artísticas de toda sorte, um espaço de afirmação de posturas, presenças, origens, imagens, pensamentos, ideologias. Deu-se igualmente como um espaço de conflitos entre as tão diferentes formas de se representar e de se barganhar/disputar/reivindicar espaços de poder político e social.
O público deste evento esteve formado por representantes do poder público e do poder civil de todos os estados brasileiros que, de alguma maneira, interagiam com o tema da cultura no Brasil contemporâneo. Além dos estados, houve uma clara conformação de grupos que se complexificou a partir de associações de gênero, de opção sexual, de origem étnico-racial, de vertente religiosa, de setor de cultura e assim por diante. A partir disso foi possível visualizar uma das grandes diretrizes do atual Governo brasileiro, aquela que se relaciona com o caráter de diversidade que marca a nação brasileira em diversos aspectos sendo a cultura aquele que foi realçado neste momento. Uma das afirmações mais comuns na II CNC é que nunca neste país houve uma participação popular tão intensa no processo de produção e implementação das Políticas Públicas e, certamente, nunca houve época tão feliz para se pensar Políticas de diversidade. No entanto é preciso estar claro de que a implementação de uma Politica Nacional de Cultura não se dá em uma semana de encontros político-lúdicos na capital do país. É necessário, antes, que todos os delegados e delegadas bem como os convidados e observadores se deem conta da urgência da implementação de uma militância na área de cultura em suas comunidades, seus municípios e seus estados para, a partir de uma ação articulada, podermos cobrar e fiscalizar as ações públicas, propostas por nós delegados nas 32 prioridades da II CNC que nortearão a nossa Política Nacional.
Cada artista-militante deve ter em conta que a cultura hoje no Brasil foi alçada ao campo dos direitos dos cidadãos sob forma de Política Pública e que entra definitivamente na agenda política do país. Deixa de ser um palco escancarado de 'doações caridosas' ou de 'sujas esmolas' e deve igualmente deixar o artista de considerar-se em lugar subsidiário, ele e sua arte, e, ao invés de pedir ajudas, reivindicar direitos que lhes são oferecidos legalmente, constitucionalmente. Deve o artista não calar-se, ou calar-se se sua arte estiver na voz, e como disse o poeta Hugo de Tal de Santa Cruz (RN), os artistas juntos devem fazer greve e entristecer o povo para verem se assim sua arte será valorizada. Devemos todos e todas testar os limites da nossa democracia, considerações essas possíveis a partir da vivência da II CNC. Para o artista, arte e Política Pública! Não se deve aceitar nem esmolas sob sorrisos bonitos nem polícia sob armaduras sórdidas. Agora, de fato, as vozes só se tornarão altas quando todos falarem. Minha voz está no mundo. Quem vem?

Stéphanie Campos – Delegada da Sociedade Civil
Procurarte
São Paulo do Potengi



Interações Livres na II Conferência Nacional de Cultura

RN (Novas parcerias e amizades):
Ked – Oficina das Artes
Clézia Da Rocha Barreto – Mossoró
Marcos Antonio Da Silva – Ponto de Cultura Arte Viva – Santa Cruz
Marcos Antonio Bezerra Cavalcanti – Santa Cruz
Gláucio Teixeira Da Câmara – Pedubreu – São Gonçalo do Amarante
Sephora Maria Alves Bezerra – São Gonçalo do Amarante
Sânzia Maria Silva De Souza
Ivani Machado Bezerra Dos Santos – São Gonçalo do Amarante
Stéphanie Campos – Procurarte – São Paulo do Potengi
Vandilma Maria De Oliveira - Parnamirim
João Batista Da Silva – (João da Banda)
Joildo Alexandre Dos Santos
Francisco Navegantes Silvino Nicácio – Ceará Mirim
Carlos Alexandre – São José de Campestre

Entidades, Grupos, manifestações legais (ambiguamente falando):
I Forum de Biodiversidade das Américas
Conselhos de Cultura
Fundações de Cultura
Revista Palmares
Secretaria da identidade e da diversidade cultural – Minc
Ibram
CEPEC – Centro de estudo e pesquisa do cangaço
Banco da Amazônia
Ministério da Ciência e da tecnologia
APEC – circo inclusão cultural
Cultura Hip Hop
Grupo Uirapuru – Orquestra de Barro
Forum Nacional de Direiro Autoral
Associação dos amigos de museus
Dança de Salão – Brasília
Grupo Farroupilha
Espetáculo Via Sacra – São Luís – Maranhão
Sagarana – Arinos – Minas Gerais
Centro Cultural Scar
Lei da cultura
Arquivo geral da cidade do Rio de Janeiro
Politica nacional de museus

Contatos políticos-pessoais (enriquecimento da cultura subjetiva):
Kabengela Munanga
Coco de Umbigada
Carimbó
Unidades federativas brasileiras
Literatura: Adão Salvador – Alma Desnuda
Jornal Comunitário O Timoreiro – Caravelas – BA
FUNARBE
Movimento de moda
Moda Afro – Moda alternativa
Movimento de religiosos de matriz africana
Militância negra
Circos e palhaços
Conselho Nacional da SEPPIR
Fundação Palmares
.gov diversos
Januário Garcia
Chico César
Beti de Oxum
Maria Aparecida
Pandeiros e palmas
Movimento dos Povos Indígenas
Congadeiros
Cantores
Produtores
Movimento estudantil